O setor imobiliário paulistano superou as expectativas neste ano. O volume lançado de unidades residenciais cresceu 2,4%, de janeiro a 17 de dezembro, para 92.383 imóveis, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo levantamento da Hiperdados.

Trata-se de expansão pequena, mas muito relevante quando se considera que, em linhas gerais, o mercado esperava queda ou, na melhor das hipóteses, estabilidade do setor em 2023.

Para que se tenha ideia da importância da capital paulista em relação ao que acontece ou será tendência no Brasil, em 2021, a cidade concentrava 9,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2023, a área média dos imóveis apresentados pelas incorporadoras ao mercado paulistano caiu dos 74,8 metros quadrados de 2022 para 66 metros quadrados. Já o preço médio por metro quadrado aumentou de R$ 10.878 para R$ 11.772, segundo a pesquisa da Hiperdados.

A elevação do preço médio deixa claro que o bom desempenho do setor, na cidade de São Paulo, não foi puxado apenas pela expansão do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Mesmo que a queda da Selic não tenha se refletido ainda na diminuição dos custos do financiamento imobiliário, incorporadoras seguem apostando também em produtos direcionados para os padrões médio e alto.

No ano, os menores valores por metro quadrado lançado em São Paulo foram de R$ 4.505,49 (apartamento) e de R$ 4.261,36 (casa). Já os maiores preços por metro quadrado foram de R$ 51.035,12 (vertical) e R$ 32.581,54 (horizontal). Isoladamente, o mês de dezembro apresentou retração de 52% no volume de unidades residenciais apresentadas, para 4.477 imóveis, de acordo com a pesquisa da Hiperdados.

Vale lembrar que o setor entrará em 2024 com um cenário mais promissor do que o encontrado no início deste ano e que o Brasil tem sido visto como importante opção entre os países emergentes para investimentos estrangeiros. Durante 2023, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros em dois pontos percentuais, para 11,75%.

Pela primeira vez, desde 2020, a inflação oficial brasileira não irá ultrapassar o limite da meta. Segundo o Boletim Focus mais recente, a mediana das projeções de economistas de mercado aponta que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficará em 4,51% neste ano, abaixo do teto da meta, de 4,75%.

Na quarta-feira, o Congresso Nacional promulgou a Reforma Tributária – cinco impostos sobre o consumo serão substituídos pelo Imposto sobre Valor Agregado (IVA) – e aprovou a Medida Provisória (MP) das subvenções a investimentos. Em 2024, leis complementares para a regulamentação da reforma estruturante ainda precisarão ser votadas pelo Congresso, mas chegamos ao fim de 2023 com uma definição que demandou mais de três décadas para ocorrer.

Também nesta semana, a S&P elevou a nota de classificação de risco do Brasil de BB- para BB. Com isso, o país ficou a dois degraus de recuperar o chamado grau de investimento, que funciona, na prática, como um selo de bom pagador, possibilitando acesso ao capital internacional a taxas menores.

A esse ambiente, soma-se que, na cidade de São Paulo, o poder público está incentivando que áreas mais bem providas de infraestrutura de transporte sejam melhor aproveitadas. Iniciativas de revitalização do Centro da capital paulista, como a possibilidade de a sede do governo ir para o bairro Campos Elíseos tendem a estimular a habitação na região.

Ressaltamos que os investimentos para a conclusão das novas estações de metrô precisam ser acelerados. O atual nível de verticalização da cidade combinado ao grande número de veículos em circulação pode resultar em piora da qualidade de vida da capital paulista de tal forma que leve parte da expansão imobiliária que poderia ocorrer aqui para outros clusters urbanos do Estado de São Paulo. Vamos torcer para que sejam tomadas as medidas necessárias para a melhora das condições de moradia e de mobilidade na maior metrópole do país.

Um ótimo 2024 a todos!

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