Hiperdados: Perspectivas seguem positivas para o mercado imobiliário
Apesar da perda de fôlego das incorporadoras no lançamento de produtos observada de janeiro a setembro na cidade de São Paulo, a Hiperdados tem boas perspectivas em relação ao desempenho do setor, daqui para frente, no maior mercado imobiliário do país.
A demanda por moradias de baixa renda cresceu, a partir das mudanças no programa Minha Casa, Minha Vida, e consumidores de classe média têm ganhado confiança para a tomada de decisão de compra de imóveis, como reflexo da melhora da economia.
A taxa básica de juros – atualmente, em 12,75% – deve ter novo corte anunciado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em 1º de novembro. Economistas de mercado ouvidos pelo Boletim Focus esperam Selic de 11,75%, no fim de 2023, e de 9% no encerramento de 2024.
Já se considera que a inflação oficial deste ano possa ficar em 4,75%, ou seja, no topo da tolerância da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). As projeções de mercado e do governo para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, em 2023, giram em torno de 3%.
O conjunto desses fatores tende a contribuir para que incorporadoras apresentem mais projetos ao mercado. De janeiro a setembro, os lançamentos residenciais caíram 6,6%, na capital paulista, para 63.568 unidades, segundo levantamento da Hiperdados. Foram 310 empreendimentos, ante o total de 363 projetos nos nove primeiros meses de 2022.
Em setembro, o volume lançado foi de 8.727 unidades, de acordo com a pesquisa da Hiperdados, o que representa retração de 7,5% na comparação anual. Houve apresentação de 42 projetos, ante os 48 do nono mês do ano passado.
No período de janeiro a agosto, o financiamento habitacional com recursos da aplicação preferida dos brasileiros caiu 16,3%, para R$ 100,7 bilhões, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). No mês de agosto, a queda foi de 23%, ante o mês equivalente do ano passado, para R$ 13 bilhões.
À medida que a Selic cair e a captação da poupança voltar a ficar positiva, tende a haver descompressão do crédito imobiliário pelos bancos que operam recursos dessa aplicação financeira.
Na semana passada, a Caixa Econômica Federal – principal agente de crédito habitacional do país – divulgou recorde na concessão dessa modalidade de financiamento no terceiro trimestre. O crédito imobiliário com recursos da poupança e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) cresceu 6,2%, de julho a setembro, para R$ 51,3 bilhões.
Segundo o banco público, a melhora do desempenho resultou de mudanças do programa habitacional, como a elevação do teto do valor do imóvel financiado de R$ 264 mil para R$ 350 mil.
O impacto das alterações do Minha Casa, Minha Vida foram sentidos também no aumento das vendas da Cury, da Direcional Engenharia, da Tenda e da Plano&Plano, incorporadoras de capital aberto que têm no segmento sua principal atuação.
Seja na baixa renda ou no segmento de imóveis de médio padrão, a tendência é de mais demanda e mais lançamentos, neste fim de ano, devido às alterações das regras do programa habitacional e à melhora das condições macroeconômicas do país. Vale lembrar que, sazonalmente, o quarto trimestre é o que responde pelo maior volume de projetos.
Na ponta da produção dos prédios, vale monitorar quais serão os impactos, nos custos de materiais de construção, da guerra entre Israel e o Hamas. Um potencial agravamento dos conflitos com eventual participação do Irã tende a pressionar as cotações internacionais do petróleo, afetando o preço de materiais que têm a commodity em sua composição.
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